Data

6/28/2019

Autor

DparaE

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As mudanças no setor da saúde e na gestão hospitalar a partir do Quadruple Aim

O setor da saúde, assim como outros, enfrenta desafios complexos com as mudanças que estamos vivenciando. São mudanças que impactam tanto para os pacientes, quanto para os próprios profissionais da saúde e as organizações.Neste sentido, estar atento às transformações do setor da saúde faz toda a diferença. Assim, é possível entender o contexto de maneira a adotar os caminhos mais eficazes para manutenção de um posicionamento competitivo.Para ajudá-lo com esta tarefa, resumimos as principais mudanças da saúde no Brasil, pensados a partir do Quadruple Aim, um framework desenvolvido pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) em 2008, para otimizar a performance dos sistemas de saúde.Siga com a leitura e conheça, a seguir, os quatro pontos do quadrante e o que percebemos em cada um deles:

1 - Redução do custo per capita da assistência em saúde

O setor da Saúde Suplementar enfrenta grandes desafios. Um deles é o uso equivocado do sistema de saúde e a superutilização dos serviços, que impactam diretamente na alta variação dos custos médico-hospitalares (VCMH). Essa variação muito acima da inflação impacta diretamente os beneficiários e as empresas contratantes dos planos de saúde, que enfrentam reajustes anuais significativos. Para as empresas, o gasto com plano de saúde é a segunda maior despesa com pessoal.A falta de um modelo assistencial definido (com "porta de entrada" clara, atenção primária estabelecida, serviços de referência e contra-referência) também leva ao uso equivocado dos serviços de saúde. Ainda assim, não é raro que faltem dados para a análise de todos esses impactos. A realidade é que o setor de saúde suplementar no Brasil ainda é pouco orientado por dados.É relevante também a influência que a judicialização da saúde no país tem no aumento do VCMH. O atual paradigma de modelo de remuneração por produção, conhecido como fee for service, também pode impactar no aumento dos custos, uma vez que quando mais se produz, mais se ganha - e mais se gasta! Outros fatores como os percentuais relevantes de desperdício, os desvios e fraudes, o envelhecimento da população e a mudança do perfil epidemiológico, com aumento do número de pacientes crônicos, refletem diretamente nos custos dos serviços.Tendo esse cenário como base, uma das grandes tendências no setor da saúde é o uso da tecnologia. Seja para diminuir gastos ou aumentar a receita, a tecnologia e a inovação podem elevar a maturidade de gestão das organizações de saúde, inclusive de maneira a possibilitar o surgimento de novos modelos de negócios.

Novos modelos de negócio

É fato que, com o uso da tecnologia na saúde, novos modelos de negócio surgirão. Alguns deles, inclusive, já estão ganhando destaque atualmente. É o caso das clínicas populares, dos cartões de benefícios e dos serviços de prestadores de saúde diretamente para empresas, com hospitais vendendo serviços diretamente, e não por meio de um plano de saúde.A inteligência artificial, por exemplo, gera um suporte maior para a tomada de decisão clínica, além de aprimorar a gestão do negócio como um todo. O uso de big data e ferramentas de análise de dados, blockchain e machine learning também estão presentes nas inúmeras soluções inovadoras que estão em teste e nas que já estão sendo comercializadas na área da saúde.  Com essas inovações, é possível voltar os olhares para o que realmente importa ao paciente e de fato entregar valor. Sob essa ótica, que parte do conceito de valor em saúde, o serviço pode ser projetado e mensurado para proporcionar uma experiência e um desfecho clínico de maior valor, considerando os custos para a entrega. Modelos de negócios inovadores serão competitivos se considerarem a importância de uma entrega de valor, ou seja, a entrega do que importa para o paciente a um custo sustentável.Um ponto que vale ser ressaltado, no entanto, está relacionado à segurança da informação. O uso intensivo da tecnologia para captação, armazenamento e consulta de dados sensíveis, como são os dados de saúde, desafia as organizações do setor, que vêm discutindo sua adequação à Lei de proteção de dados, LGPD, que entrará em vigor em 2020. A lei regulamenta o tratamento de dados e a transparência com os seus respectivos donos. O setor de saúde precisará, portanto, adaptar-se.

2 - Melhorar a saúde da população

O próximo ponto tratado no quadrante fala sobre melhorar a saúde da população. Uma das grandes tendências no setor da saúde está no envelhecimento da população - sim, estamos perdendo o bônus demográfico! Para você ter uma ideia, em 2030, o Brasil será a quinta maior população idosa do mundo.Viveremos mais e conviveremos, em alguns casos por muitos anos, com doenças crônicas. A questão da saúde, portanto, é cada vez mais um problema de todos. Logo, a pauta abrange desde os pacientes e as empresas que contratam os planos de saúde, até as próprias operadoras, prestadores de serviços e indústrias da saúde.Aqui, entra o valioso conceito de Gestão de Saúde Populacional, ou GSP. A relevância de conhecer o perfil de uma população, gerenciar seus hábitos de vida e seus indicadores de saúde são práticas que impactarão na sustentabilidade de todo o ecossistema de saúde.Novamente, o impacto do VCMH é um grande desafio para que uma nova abordagem sobre a saúde seja traçada. Agora, mais do que nunca, é essencial fazer uma gestão de saúde, sem limitar-se apenas à cura de doenças.

3 - Melhorar a experiência do paciente

Experiência é uma palavra que se tornou recorrente em títulos de palestras e textos de tendências da área da saúde nos últimos anos. Para pensar na experiência do paciente parte-se de um entendimento em profundidade do contexto, do serviço em questão e das necessidades do usuário do serviço - que são os pacientes.As ferramentas utilizadas para gerenciar a experiência de pacientes em serviços de saúde vêm da abordagem do Design: do pensamento do Design, ou Design Thinking, e do Design de Serviço.  Alguns serviços de referência no Brasil e no mundo vêm usando a abordagem de Design de Serviço, que nada mais é do que o design thinking aplicado a um serviço, para inovar na entrega de valor e melhorar a experiência de pacientes, de maneira muito bem sucedida.A provocação é utilizar a forma de pensar do design para servir ou realizar algo que atenda a um público. Trata-se de uma abordagem que permite tornar os serviços de saúde mais fáceis, desejáveis e utilizáveis aos pacientes. Em outras palavras, o Design de Serviço enxerga as pessoas como centrais na estratégia do negócio, o que permite priorizar toda a experiência do paciente durante suas jornadas de saúde. Para gerar uma experiência positiva para pacientes é preciso respeitar suas preferências, valores e necessidades individuais. Desta forma, é possível ir além de um modelo de gestão mais "industrial", com foco no produto de saúde, para um modelo mais "servitizado", focado nas pessoas, a partir de uma perspectiva integrada e sistêmica ao paciente.

4 - Melhorar a experiência do colaborador

Um dado alarmante, publicado pelo The Daily Best, revelou que 9 em cada 10 médicos não recomendam que outras pessoas façam medicina. Isso acontece pelas condições em que estes profissionais trabalham, sujeitos à longas jornadas de trabalho e demandas diárias em excesso, em ambiente de muito estresse e pressão.Este cenário faz com que os médicos e demais profissionais da saúde fiquem esgotados e insatisfeitos - são preocupantes os índices de depressão e burnout desse público. Profissionais que vivem uma experiência profissional ruim dificilmente conseguem proporcionar uma boa experiência para paciente e familiares. Há, portanto, uma necessidade emergente no setor. No entanto, é comum que os profissionais não saibam nem como e nem por onde começar. O medo de estar perdendo algo importante é constante. Muito se fala sobre boas práticas e caminhos, mas nem tudo se aplica nos diferentes contextos organizacionais e complexos que encontramos na saúde.É por isso que é tão importante estar atento às mudanças que vêm impactando o setor!Entre em contato e conheça mais sobre a abordagem do Design de Serviço!

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